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Doação de órgãos passa pela conscientização

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jun

20

Doação de órgãos passa pela conscientização

A família de um homem de 55 anos, natural de Boqueirão do Leão e que teve morte encefálica (a morte do cérebro) confirmada na madrugada do domingo, autorizou a doação de órgãos do familiar. Ele estava internado no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e foi vítima de um acidente vascular cerebral hemorrágico. O caso exemplifica a importância da família, pois é ela que pode autorizar a doação de órgãos e, assim, ajudar a salvar vidas. Por isso, o passo principal para se tornar um doador é conversar com os familiares e deixar claro o seu desejo.

Segundo a coordenadora de Enfermagem Lisane Emmel e a enfermeira Camila Scherer, que integram a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HSSM, a doação de órgãos no Brasil só é possível com a autorização por escrito do familiar do doador. ‘Desta forma, é fundamental manifestarmos o nosso desejo com os familiares’, afirmaram em respostas enviadas por e-mail.

As profissionais dizem que vários fatores dificultam a doação de órgãos, a começar pelo potencial doador não ter manifestado o desejo de doar, que se soma ao medo e desconhecimento da família sobre o procedimento e faz com que a negativa do familiar seja o principal fator de insucesso das captações. ‘Além disso, outro receio da família é se o corpo ficará deformado após a captação de órgãos, mas a retirada é uma cirurgia como qualquer outra. O corpo é reconstituído após intervenção cirúrgica e o doador poderá ser velado normalmente.’

Elas explicam que o doador falecido é um paciente com morte encefálica, em que os órgãos permaneçam íntegros e viáveis. Há a impossibilidade de doação em situações como de hipotermia, hipotensão arterial ou quando se está sob efeitos de drogas depressoras do sistema nervoso central. ‘Quando a captação é viável, a equipe procura amparar e sanar todas as dúvidas da família.’

Podem ser doados coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões. Portanto, um único doador pode salvar inúmeras vidas. Também há a possibilidade de captação com doador vivo por parte de qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. Pode ser doado um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, somente com autorização judicial.

Como funciona o processo de captação de órgãos

O processo tem início com o diagnóstico da morte encefálica, que é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de exames complementares. Após confirmada a morte, o hospital aguarda a vinda de equipe da Central de Transplante do Estado, que irá realizar o procedimento. Para a doação, será considerada a ordem de uma lista de espera única, que leva em consideração a compatibilidade entre o doador e o receptor, o tempo de espera e a urgência.

Acionada pela direção do HSSM no caso registrado domingo, a Central disponibilizou um helicóptero para a realização da coleta dos órgãos. A aeronave do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) pousou no Estádio Edmundo Feix por volta das 14 horas e uma equipe especializada neste tipo de procedimento se deslocou até o hospital para providenciar a retirada dos órgãos.

Esta foi a segunda coleta de órgãos para doação ocorrida no HSSM. A outra se deu em 2014. Segundo o HSSM, foram retirados dois rins e o fígado, o que provavelmente resultou em três pessoas contempladas, mas a instituição de saúde não teve retorno da Central sobre o resultado da doação dos órgãos.

UTI TROUXE AVANÇOS

De acordo com as profissionais, antes do HSSM contar com a UTI, os pacientes com suspeita de morte encefálica eram transferidos para hospitais de referência. ‘Com a UTI, o HSSM tem cadastro junto Central de Transplantes do Estado e toda a infraestrutura para fazer a manutenção dos órgãos até a sua captação. Processo este, que agilizou a coleta e o corpo retorna mais rápido
para sua família.’
Com isso, também foi criada a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, composta por um equipe multiprofissional do HSSM, que realiza encontros mensais, onde são abordados temas referentes à doação, transplante e captação de órgãos e humanização deste processo. A instituição de saúde conta ainda com o suporte da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO6), que tem sede no Hospital Bruno Born, em Lajeado.

 


Ela se declara doadora de órgãos

Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal

Beatris Loreto

A dona de casa Beatris Loreto, de 55 anos, se declara doadora de órgãos e acredita que o ato representa uma possibilidade de salvar vidas. A consciência da importância do gesto ganhou força há 24 anos com a morte do marido em um acidente. Ele poderia ter tido os órgãos doados, mas a família não autorizou em função de até então não ter falado sobre o assunto e não saber se ele aceitaria ser doador.

‘Na hora do óbito de uma pessoa, a família não consegue distinguir muito bem o que seria bom e o que não seria, porque nesse momento você tem um sentimento de egoísmo. Tu pensa na tua dor e tu não pensa que outras pessoas podem estar passando por uma dor igual ou até pior, mas que você poderia ajudar.’

Após o fato, ela conta que o assunto foi refletido pela família e hoje os filhos sabem que Beatris é doadora. ‘Eu acho que Deus nos empresta o nosso corpo, e se ele nos é emprestado por que não servir a uma outra pessoa que precise?’ Para ela, declarar-se doadora de órgão é pensar no próximo.

Fonte: Folha do Mate

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