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O árduo caminho do artesanato brasileiro

Hoje, o artesanato envolve um contingente de 8,5 milhões de brasileiros e que garantem ao nosso combalido PIB cerca de 60 bilhões de reais por ano

Os Brasis, enfim, se encontrando

A história do artesanato brasileiro não é um conto de fadas, nem a causa das belas obras produzidas pelos nossos artesãos de todas as regiões, nas pequenas comunidades, nos grandes centros urbanos, nas aldeias indígenas, nas vilas de pescadores e nas oficinas de costureiras risonhas dos subúrbios. O artesanato, até ser considerado como parte importante da economia criativa, percorreu uma longa trilha e foi proibido ou ignorado pelos governantes, em diversas épocas.

Em 1776 D. José I mandou destruir as oficinas de ourivesaria e declarou a profissão de ourives fora da lei. D. Maria I, sua sucessora, promoveu uma enorme perseguição às profissões artesanais e chegou a ponto de impedir a tecelagem caseira, abrindo apenas exceção para a destinada aos escravos. Salvou-nos D. João VI que revogou as medidas de sua mãe (e tratou de interná-la no Convento do Carmo, na Praça XV, Centro do Rio).

Na primeira constituinte do Brasil independente, D. Pedro I extinguiu as corporações de ofício em nosso país. As profissões de ofício são aquelas que exigem conhecimentos e habilidades específicas e que não estão obrigatoriamente vinculadas à obtenção de um diploma. Foi o início do credencialismo na educação. O artesanato foi reconhecido como uma profissão na constituição de 1937, no Governo Getúlio Vargas.

No Nordeste, o artesanato desenvolveu-se em condições de extrema dificuldade, sem qualquer apoio de sucessivos governos e acabou por ganhar luz própria com a obra de mestres como Vitalino e Manoel Eudócio, de Caruaru, e Zezinho e Nuca, de Tracunhaém.

Vitalino não conheci, porque morreu em 1977. Os outros, e mais alguns, conheci muito bem. Vários já faleceram, mas deixaram seguidores muito competentes. Manoel Eudócio morreu há poucos meses.
Pernambuco me fascina, porque é o verdadeiro berço do sentimento de brasilidade, desde a Batalha dos Guararapes. Outros exemplos, como as toalhas do Ceará, os vasos marajoaras, as as carrancas do velho Chico, ou as peças de São Cristóvão, em Sergipe, ou de Cachoeira, na Bahia, poderiam ser também citadas. Não há um único estado da federação que não tenha artesanato da melhor qualidade.

O que mais entusiasma nesses artesãos é a “cumplicidade” entre a arte e ofício. Foi o que aprendi no “Reinado da Lua”, livro que ganhei, em 1980,  da Flávia Martins, que com a Silvia Coimbra e a Maria Leticia Duarte, estudaram  o trabalho dos santeiros, produtores de carrancas e escultores populares e a sua luta para divulgar as belíssimas obras que realizaram. Uma coincidência interessante: o “Reinado da Lua” foi financiado pela FINEP, a “Agência Brasileira de Inovação”. Aliás, se vocês olharem os relatórios das Fundações de Amparo à Pesquisa, vão encontrar inúmeros apoios ao artesanato.

Hoje, o artesanato envolve um contingente de 8,5 milhões de brasileiros e que garantem ao nosso combalido PIB cerca de 60 bilhões de reais por ano. O SEBRAE  acaba de inaugurar, aqui no Rio, o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro – CRAB, que vai expor, qualificar artesãos e divulgar as obras de todas as regiões do país.

É o Brasil da criatividade e da arte popular que, finalmente, está chegando ao Brasil da indústria e da técnica. Ambos, cada um a seu modo, alavancam o nosso progresso.

O trabalho de organizações como o SEBRAE, a FINEP e as FAaPs é importante para a educação, cultura, artes, ciência e inovação, que propiciam o desenvolvimento.

Lamentavelmente, alguns governantes insistem em contingenciar ou cortar os recursos dessas organizações, tentando corrigir os  seus próprios erros, sem perceber que elas estão sendo determinantes para o Brasil que queremos, aquele Brasil simbolizado por Guararapes.

Fonte: Blog do Noblat 

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